“Onde o amor e a Caridade, Deus aí está...”

Reflexão do Evangelho de Quarta-Feira da IV Semana da Quaresma No Ofício Divino em Esperança -PB   
(Jo. 5.17-30)
RODOLPHO RAPHAEL

Amados irmãos e irmãs “Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também o faz.” O evangelista João continua falando da importância de observar a lei de Deus e não a lei dos homens. A Lei de Deus é pura, correta e justa, enquanto a lei dos homens é tendenciosa, truculenta, perniciosa e injusta. E hoje, o Evangelho fala-nos da resposta de Jesus aos que viam com maus olhos a cura de um paralítico num Sábado. Na resposta, Jesus acrescenta mais um motivo ao escândalo, chamando a Deus de seu Pai e fazendo-se igual a Deus.
Este Evangelho é um ótimo tratado sobre a união, na pessoa de Jesus, da natureza divina com a humana. Segundo o Gênesis, Deus descansou ao sétimo dia, depois de completar a criação. Daí a instituição judaica do sabbat, que significa descanso. Mas o seu repouso não foi inatividade, mas manutenção da vida de tudo o que criou. Do mesmo modo, Jesus dá saúde e vida, inclusive ao sábado, porque ele é o senhor do sábado, que foi instituído para o homem, e não o homem para o sábado.
A obra principal de Jesus, meus amados é revelar o amor que Deus tem ao homem e transmitir-lhe a vida divina. E ele a faz porque tem poder para isso. Esse amor de Deus cria vida, transforma e regenera. Experimenta-lo é passar da morte para a vida, isto é, a vida eterna. Por isso que Jesus disse: “Quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou, possui a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte para a vida”.
"Não podemos limitar-nos a receber amor, devemos também doá-lo. A novidade do mandamento do Amor revelada em Cristo é que ele não é mais somente lei, mas também e principalmente graça. "Funda-se na comunhão com Cristo, tornada possível pelo dom do Espírito”. (Catalamessa 2011)
Para nós, todo o temor do Senhor está contido no amor, e a caridade perfeita expulsa o temor. O nosso amor a Deus leva-nos a seguir os seus conselhos, a cumprir os seus mandamentos e a confiar em suas promessas. Ora os caminhos do Senhor são muitos, embora ele próprio seja o Caminho. Pois, ele chama-se a si mesmo caminho, e mostra a razão porque fala assim: Ninguém vai ao Pai senão por mim (Jo 14,6).  Devemos, portanto, examinar e avaliar muitos caminhos, para encontrarmos, por entre os ensinamentos de muitos, o único caminho certo, o único que nos conduz à vida eterna. Há caminhos na Lei, caminhos nos profetas, caminhos nos evangelhos e nos apóstolos, caminhos nas diversas obras dos mestres. Felizes os que andam por eles, movidos pelo temor do Senhor.
O Verbo de Deus não curou apenas nossas enfermidades com o poder dos milagres. Tomou sobre si as nossas fraquezas, pagou a nossa dívida mediante o suplício da cruz, libertando-nos dos nossos muitos e gravíssimos pecados, como se ele fosse o culpado, quando na verdade era inocente de qualquer culpa. Além disso, com muitas palavras e exemplos, exortou-nos a imitá-lo na bondade, na compreensão e na perfeita caridade fraterna.
Pratiquemos meus irmãos, nesse tempo da Quaresma a Caridade, que não passa apenas de uma palavra com quatro letras – “AMOR” o amor que é uma força que impele a nós cristãos a nos comprometermos com a coragem e generosidade. E neste Tempo favorável, tempo de amor, que nós reflitamos mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Como bem enfatizou nosso Bento XVI “Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal”.

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