Reflexão do Evangelho de Quinta-Feira da III Semana da Quaresma No Ofício Divino em Esperança -PB
(Lc 11. 14-23)
RODOLPHO RAPHAEL
Nós somos Senhor, teu povo e tua herança. Teus olhos estejam abertos à súplica do teu servo e do teu povo, Israel, escutando-nos toda vez que te invocarmos. Pois tu nos separaste para ti como herança dentre todos os povos da terra. 1Rs 8,51-53ª
Amados irmãos e irmãs no evangelho de hoje, reaparece a figura do demônio: “Jesus estava expulsando um demônio que era mudo e quando o demônio saiu o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas” sem sombra de dúvidas, cada vez que os textos nos falam do demônio, nos sentimos um pouco incômodos. Em todo caso, meus amados é verdade que o mal existe, e que tem raízes tão profundas que nós não podemos conseguir eliminá-las totalmente. Também é verdade que o mal tem uma dimensão muito ampla: vai “trabalhando” e não podemos de nenhuma maneira dominá-lo. Mas Jesus veio combater essas forças do mal, ao demônio. Ele é o único que o pode expulsar.
Neste tempo quaresmal, tempo de deserto também somos tentados como Jesus foi, e o diabo é um grande sedutor porque tenta levar o homem ao pecado apresentando o mal como o bem. Mas nossa falta responsabilidade conduz à queda porque a consciência tem capacidade de distinguir o que é bom e o que é mal. E esse mistério do mal, meus amados irmãos e irmãs é antes de tudo o mistério do pecado. Somos golpeados justamente pelos males físicos, mas existe um mal muito mais radical e mais triste que é o mal do pecado. O diabo se estabeleceu em sua rejeição. Também o pecado do anjo é sempre mais grave que o do homem. O homem tem tantas debilidades em si que de alguma maneira sua responsabilidade pode ficar velada; o anjo, sendo espírito puríssimo, não tem desculpas quando elege o mal. O pecado do anjo é uma eleição tremenda.
Jesus foi caluniado e acusado: o demônio é capaz de conseguir tudo. Enquanto que as pessoas se maravilham do que Jesus Cristo tem feito, «Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios’» (Lc 11,15). A resposta de Jesus mostra o absurdo do argumento de quem o contradiz. Esta resposta é para nós um chamado à unidade, à força que supõe a união. A desunião, no entanto, é um fermento maléfico e destruidor. Exatamente, um dos signos do mal é a divisão e a falta de entendimento entre uns e outros. Infelizmente, o mundo atual está marcado por este tipo de espírito do mal que impede a compreensão e o reconhecimento entre uns e outros.
É bom que meditemos qual é nossa colaboração neste “expulsar demônios” ou eliminar o mal. Perguntamo-nos: Ponho o necessário para que o Senhor expulse o mal de meu interior? Colaboro suficientemente neste “expulsar”? Porque «Pois é do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias» (Mt 15,19). É muito importante a resposta de cada um, ou seja, a colaboração necessária a nível pessoal.
Devemos estar atentos às ciladas do encardido, pois como bem enfatiza São Paulo, a nossa luta é contra os principados e potestades deste mundo tenebroso. Não lutamos contar homens, mas sim contra os poderes das trevas. No inferno há uma hierarquia, onde assim como em um exército, potestades é um grau que estes espíritos malignos atingem. Dominadores, que exercem domínio sobre este mundo de trevas.
Nós precisamos ser completamente de Deus. Porque nós fomos comprados por um grande preço: O Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo! Por isso nós precisamos ser todos de Deus
O Senhor quer nos ensinar que para acontecer verdadeiramente o “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” é preciso, de nossa parte, uma contínua ação de “reagir” ao pecado, à tentação, às forças do mal. precisamos reagir firmes, reagir na fé. São Pedro nos exorta: “Sede sóbrios, vigiai! Vosso adversário, o diabo, como um leão que ruge, ronda, procurando a quem devorar. RESISTI-LHE, FIRMES NA FÉ” (1Pd 5,8-9a).
Vencemos o demônio resistindo-lhe firmes na fé. “Firmes na fé” significa acreditar na vitória do Senhor em nós. Sabemos da nossa fraqueza, de nossos pecados e da facilidade com que erramos. Pecamos. Resvalamos. Mas o Senhor é fiel e poderoso. O poder de Deus é soberano sobre nós, sobre a nossa vida.
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