Reflexão do Evangelho de Sexta-Feira da II Semana da Quaresma no Ofício Divino em Esperança -PB
(Mt 21,33-43.45-46)
(Mt 21,33-43.45-46)
RODOLPHO RAPHAEL
"Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores." (Is 53,11b-12) - Leitura das Laudes de Hoje
Amados irmãos e irmãs, nesta sexta-feira da II Semana da Quaresma, dia em que contemplamos a Cruz e muitas pessoas fazem penitências, jejuns e abstinência de Carne, nos traz a parábola evangélica que mostra a má vontade de alguns lavradores que por avareza matam o filho do dono da vinha, filho em quem está figurado o rosto de Cristo. A linha narrativa da parábola é clara por si mesma.
Tratando de assinalar quem é quem na parábola, torna-se evidente que a vinha é Israel; o dono, Deus; os arrendatários, os chefes do povo judeu; os criados, os profetas; o filho morto, Jesus Cristo, e o castigo de justiça, para além da destruição de Jerusalém e do templo, a entrega da vinha a outros, isto é, a admissão das nações pagãs no reino de Deus.
No início do Evangelho segundo São Mateus, a Boa Nova parece ser dirigida unicamente a Israel. O povo escolhido, já na Antiga Aliança, tem a missão de anunciar e de levar a salvação a todas as nações. Mas Israel não foi fiel à sua missão. Jesus, o mediador da Nova Aliança, congregará à sua volta os doze Apóstolos, símbolo do “novo” Israel, chamado a dar frutos de vida eterna e a anunciar a todos os povos a salvação. A parábola dos vinhateiros homicidas é um compêndio da história da salvação humana por Deus, desde a sua aliança com o povo eleito, Israel, até a fundação da Igreja por Jesus como novo povo de Deus, passando pelos profetas e o próprio Cristo, que anunciou o reino de Deus e foi constituído pedra angular de todo o plano salvador, mediante o seu mistério pascal de morte e ressurreição.
Este novo Israel é a Igreja, somos todos nós os batizados. Nós temos recebido, na pessoa de Jesus e na sua mensagem, uma graça única que temos que fazer frutificar. Não podemos conformar–nos com uma vivência individualista e fechada à nossa fé; há que comunicá-la e oferecê-la a cada pessoa que está próxima de nós. Daqui decorre que o primeiro fruto é viver a nossa fé no calor da nossa família, bem como no da comunidade cristã. Tal será simples, pois “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt 18,20).
Em nossa reflexão vemos que esta parábola se torna uma advertência de Cristo e ao mesmo tempo um convite para que nós demos frutos segundo Deus, uma vez que se nos confiou à vinha, o Reino, para um serviço fiel e fecundo. A fé deve plasmar-se em frutos para não frustrar as esperanças que o Senhor pôs em nós nesta hora do mundo, um tempo de vindima e colheita de Deus.
O maior sinal de amor é dar a vida pelos amigos, e Jesus o fez; e este amor, quando se dá a conhecer, faz as pessoas saírem de si e ficarem estarrecidas, e por isso muitas daquelas que compreendem este amor, sentem afervorar-se o coração, desejam o martírio, alegram-se nos sofrimentos, tem alívio nas dores.
Como não se bastasse ter se tornado homem como nós e ter morrido na Cruz, Nosso Senhor, antes de deixar este mundo, quis deixar-nos a maior prova possível de Sua entrega. Ele nos deixou em memória de Seu amor nada mais nada menos que o Seu corpo, o Seu sangue, a Sua alma, a Sua divindade, Ele mesmo, todo, sem reservas. Neste dom da Eucaristia – diz o Concilio de Trento – Cristo quis derramar todas as riquezas do amor que reservava para os homens. (Sess. XIII,c,2).
A cruz de Cristo não mostra somente o silêncio de Jesus como sua última palavra ao Pai, mas também revela que Deus fala através do silêncio: “O silêncio de Deus, a experiência da distância do Onipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra encarnada”. (Bento XVI).
A experiência de Jesus na cruz, meus amados é profundamente reveladora da situação do homem que reza e do cume da oração, que neste dia de Jejum e Abstinência de Carne e depois de ter escutado e reconhecido a palavra de Deus, peçamos a mãe das dores que nos ajude a medir também o nosso silêncio e a nossa escuta para assim celebrarmos dignamente a sua Páscoa de seu Filho Jesus Cristo.
ASSIM SEJA!
Comentários