Irmãos e irmãs, a noite de Natal ressoa o pregão dos anjos, hoje repetido pela Igreja em todo o mundo: «Glória a Deus nas alturas, e Paz na terra aos homens por Ele amados». Vinde, adoremos o Salvador! Jesus Cristo é o centro do Cosmos e da história. Era esperado por toda a humanidade. Por isso recordamos a história desta espera, o anúncio deste acontecimento de salvação.
O Natal é uma festa universal. Inclusive quem não se professa crente, de facto, pode perceber, nesta celebração cristã anual, algo extraordinário e transcendente, algo íntimo que fala ao coração. É a festa que canta o dom da vida.
É o encontro com um recém-nascido que chora numa gruta miserável. Contemplando-o no presépio, como não pensar em tantas crianças que ainda hoje vêm a luz numa grande pobreza, em muitas regiões do mundo? Como não pensar nos recém-nascidos não acolhidos e rejeitados, nos que não chegam a sobreviver por falta de cuidados e atenção? Como não pensar também nas famílias que desejaram a alegria de um filho e não veem realizada esta esperança?
Faz parte de nossa fé crer que um dia, no tempo do imperador César Augusto, durante o recenseamento; num lugar bem determinado, Belém, na estrebaria; uma mulher, Maria, que concebera do Espírito Santo, deu à luz um Menino. Este Menino fora anunciado pelos profetas e comunicado pelo Anjo. Perguntamos: Quem é o Menino de Belém? Deus vem a nós e se manifesta. O Filho de Deus é Jesus, Homem-Deus. Foi colocado num cocho, na humildade, na pobreza e na simplicidade. Ele é Aquele que traz a paz. Ele se fez carne e participou totalmente de nossa humanidade para que pudéssemos participar da sua Divindade.
Por outro lado, sob o impulso de um consumismo hedonista, infelizmente, o Natal corre o risco de perder seu significado espiritual para se reduzir a uma mera ocasião comercial de compras e troca de presentes. Na verdade, contudo, as dificuldades, as incertezas e a própria crise económica que nestes meses tantas famílias estão a viver, e que afeta toda a humanidade, podem ser um estímulo para descobrir o calor da simplicidade, da amizade e da solidariedade, valores típicos do Natal.
Tudo isso, contudo, não basta para assimilar plenamente o valor da festa do Natal. Nós sabemos que esta celebra o acontecimento central da história: a Encarnação do Verbo divino para a redenção da humanidade.
Hoje Jesus quer nascer no meio de nós, hoje e não há vinte séculos! O menino quer nascer na vida interior de cada homem, na história da nossa cidade, da nossa família e de toda a humanidade, e este nascimento é por certo e hoje o acontecimento mais importante da nossa vida!
Jesus chama, uma vez mais, à nossa porta e hoje nos pede que lhe arranjemos um sítio na nossa vida. Chama com todo o seu amor, mas também se valendo da insatisfação que, tantas vezes, percorre a nossa existência vazia, superficial e contraditória; Jesus também hoje nos chama, através da pena sentida dos nossos pecados. Chama-nos, mediante essa nostalgia que sentimos do Natal, de quando éramos ainda crianças; Jesus nos chama também pelo nosso desejo fundo de perdão, de limpeza, de transparência, de honestidade; e chama-nos, enfim, através do nosso desejo de sermos melhores, de nos abrirmos a todos os irmãos, de amar a todos os povos.
Este é o Natal que desejo a cada um de vocês queridos leitores. Um Natal em Paz, de modo que a contemplação do Menino Jesus, abra os corações e nos ensine a todos, a perceber em cada instante, a presença deste Senhor Jesus, que enche e preenche a nossa vida, com a sua Luz e a sua Paz, a sua graça e a sua verdade!
Assim Seja!
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