“Alegrai-vos! O Senhor está perto”

Neste terceiro domingo do Advento, – “O Domingo da Alegria” a Liturgia da Palavra garante-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida plena para propor aos homens fazendo com que eles passem das “trevas” a “luz”, como também, retomar a figura do precursor, João Batista que na sua verdadeira identidade, mostra o seu empenho em anunciar o Reino de Deus e a preparação para a vinda do Messias.
Esta era a missão de João Batista, uma missão de profeta que se assemelha a do profeta Isaias consistindo em anunciar uma “boa nova”, em como curar os corações feridos, em proclamar a libertação aos prisioneiros, em promulgar “o ano da graça do Senhor”.
Com isso, podemos dizer que os destinatários dessa mensagem de esperança são os “pobres”, considerados os preferidos de Deus e o objeto de uma especial proteção e ternura d’Ele.  Por isso, são olhados com simpatia e até, numa visão simplista, são retratados como pessoas pacíficas, humildes, simples, piedosas, cheias de “temor de Deus”.
Hoje a liturgia deixa um pouco o evangelista Marcos e nos apresenta um texto do evangelho de João, que nos dá a dimensão mais exata de João Batista na sua função de precursor, de profeta e testemunha da luz que é Cristo.
Com isso voltamos ao recado dado no primeiro domingo do advento, só que desta vez dado pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Tessalonicenses, “Esperar a vinda do Senhor com alegria, pautando a vida por uma intensa oração, sobretudo a oração de ação de graças”.
Sem sombra de dúvidas, uma comunidade construída de acordo com estes princípios – que vive a sua existência histórica com alegria e serenidade, que louva o seu Senhor e que está permanentemente atenta para discernir e aceitar os dons do Espírito – é uma comunidade “santa” e irrepreensível, preparada para acolher, em qualquer momento, o Senhor que vem.
Na primeira parte deste evangelho João é apresentando, dele dizem-se duas coisas: que era “um homem” e que fora “enviado por Deus”. O agente principal nesta história é, naturalmente, Deus: que escolhe esse homem e o envia ao mundo com uma missão concreta.
A busca de Deus sempre renasce no coração humano. João Batista veio justamente para ajudar o povo a descobrir esta presença luminosa da Palavra salvífica. O seu testemunho foi muito importante: “Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz”.
Por isso foi indagado por vários sacerdotes e levitas, Para eles, não bastava saber quem João era. Eles queriam saber o papel dele no plano de Deus. É dentro deste contexto que devemos entender a resposta de João, “Eu sou a voz que grita no deserto: aplainai o caminho do Senhor”. Ele não é Cristo, mas é só uma voz que convida ao mundo a abrir o coração e a mente para acolher o Messias, esperado ansiosamente pelo povo de Israel.
João Batista, sem dúvida, com sua coragem e testemunho de dizer quem era nos encoraja, neste tempo de Advento, de preparação e vigilância, para não nos conformarmos com o sistema neoliberal, no qual vivemos. Como é importante dizer “não” ao consumismo, a preparação que nos é oferecida pelo mercado, onde as mercadorias desejam nos deixar satisfeitos e com a sensação de que tudo vai bem ao nosso redor.
Não se pode emudecer o grito, o clamor no deserto por justiça e pelo direito de viver, do povo de Deus. O grito, o clamor no deserto, a partir de Cristo, torna-se testemunho: a luz verdadeira quer brilhar e transformar o deserto da vida. Por isso, tempo de Advento é um novo tempo, uma nova oportunidade também para descobrirmos e buscarmos sinais de transformação na vida pessoal, familiar, comunitária e em nosso engajamento social.
Como disse no início, celebramos o domingo gaudete (alegrai-vos), esta 3ª semana do advento nos convida através de São Paulo a estarmos sempre alegres até a vinda de Jesus; o profeta Isaías convida à alegria o povo liberto da escravidão: a alegria aos prisioneiros do pecado para poder renovar o mundo com novos rebentos. Também Maria com o cântico do Magnificat louva e se alegra em Deus pelas grandes maravilhas que o Senhor operou na sua vida. E você? E eu? Testemunhamos essa alegria não obstante a atmosfera pessimista, medrosa e desencorajadora do mundo de hoje?
Uma Feliz Semana!

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