"Eu sou o Bom Pastor... Eu sou a Porta" - IV Domingo da Páscoa


“Ressuscitou o bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas e quis morrer pelo rebanho”.

Queridos irmãos e irmãs,

Neste domingo, a liturgia nos convida a celebrar e fazer memória do Bom Pastor. Depois de várias aparições do Cristo Ressuscitado às mulheres, aos apóstolos, aos discípulos, hoje Jesus se apresenta como o BOM PASTOR! Na verdade, Como o Perfeito, o Belo, o Completo e o Pleno Pastor: “Eu sou o bom Pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). Ao mesmo tempo, este dia nos permite contemplar Jesus como aquele que tem uma ternura uma misericórdia infinita pela humanidade. Pois, Ele “comprou” as ovelhas com o preço de seu sangue, as redimiu na cruz e lhes garantiu na Páscoa a vida eterna. Por isso, este domingo sintetiza também a misericórdia, o amor e a doação integral para que assim, reconheçamos os direitos que Ele adquiriu sobre cada um de nós com a sua Morte e Ressurreição.
Na primeira leitura deste domingo, Continuamos no mesmo ambiente em que nos colocava a primeira leitura do passado domingo: em Jerusalém, na manhã do dia do Pentecostes. Pedro é o porta-voz de uma comunidade que, iluminada pelo Espírito, toma consciência da necessidade de testemunhar Jesus, a sua vida, a sua morte e a sua ressurreição.  Ele se dirige à multidão dos judeus que não tinham ainda se convertido; explica-lhes o sentido da morte de Cristo, prepara-os para a fé e a conversão. O pescador da Galileia está fazendo sua primeira experiência como pescador de homens e viver tal conversão meus caros, significa viver uma mudança radical da mente, dos comportamentos, dos valores, de forma a que o coração daquele que crê se volte de novo para Deus. No contexto do novo testamento, mais especificamente, a “conversão” é a renúncia ao egoísmo e à autossuficiência, é aceitar a proposta de salvação que Deus faz através de Jesus. Implica acolher Jesus como o salvador e segui-lo, no caminho do amor, da entrega, do dom da vida.
Deste modo, assumir este compromisso, é assumir também a figura de servo, da ovelha, que ouve a voz do seu pastor e que mesmo distante ou em meio as vulnerabilidades da vida, se enche de esperança, pois a ressureição de Jesus é um convite à esperança, e ao mesmo tempo, à entendermos a lógica de Deus que é incompreensível aos olhos do mundo. Mas essa lógica é revelada, é Jesus, que veio para nos dar vida em abundância e nos fazer testemunhas desta novidade em que apenas o amor gera vida e transforma a humanidade.
E este amor, meus caros, se revela no zelo, no cuidado, na atenção e na dedicação. Assim como o Bom Pastor faz com suas ovelhas e numa atitude de ternura com as elas, Ele as conhece, as chama pelo nome, caminha com elas e estas o seguem. Elas escutam a Sua voz, porque sabem que Ele as conduz com segurança.
No Evangelho de hoje, ouvimos a palavra do próprio Cristo que nos fala em primeira pessoa: Eu sou o Bom Pastor: Eu sou a Porta. É uma catequese sobre a missão de Jesus: conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas, de onde brota a vida em plenitude. “Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida. Procuremos, portanto, alcançar essas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do Céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule. Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do Céu. Amar assim já é pôr-se a caminho. Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim” ( São Gregório Magno ).
Jesus também Critica duramente os pastores, isto é, os líderes do povo de Israel.  Deus havia prometido ele mesmo vir pastorear o seu rebanho: “Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho! Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida” (cf. Ez 34). Pois bem! Agora, o Senhor Jesus – e pensemos nele ressuscitado, trazendo as marcas gloriosas da paixão – declara solenemente: “Eu sou o Bom Pastor!” Ele é o próprio Deus, que vem apascentar pessoalmente o seu povo!
Mas, porque Jesus se compara como a porta? Isso para dizer que Ele é a única porta. Somente por ele se entra na cidade de Deus, no Reino dos Céus. Somente na porta estreita que é o Cristo que encontramos segurança e proteção. O Cristo nos acolhe sempre que a Ele recorremos. No Cristo teremos a mais feliz e certa das possibilidades como dirá São Pedro posteriormente: “Nele encontraremos as mais preciosas e ricas promessas e nos tornamos participantes da natureza divina”(Cf. 2Pd 1,4).
Jesus se autodenomina a porta para demonstrar a todos os homens e mulheres de boa vontade que Ele é o Shallom, que Ele é a Paz. Ele quis pacificar os homens, quis dar de beber no mesmo córrego ao lobo e ao cordeiro, porque ambos são criaturas de Deus; quis que as criaturas humanas experimentassem um novo modo de viver: na fraternidade e na justiça, na mansidão e, por conseguinte, na paz.  A Igreja meus caros, é Jesus Continuado. Cristo deu à Sua Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos Sacramentos; e providenciou para que haja pessoas que nos orientem, que nos conduzam, que nos recordem constantemente o caminho. Dispomos de um tesouro infinito de ciência: a Palavra de Deus guardada pela Igreja; a Graça de Cristo, que se administra nos Sacramentos; o testemunho e o exemplo dos que vivem com retidão ao nosso lado e sabem fazer das suas vidas um caminho de fidelidade a Deus.
Quem nos conduz? Qual é a voz que escutamos? A voz da política, a voz da opinião pública, a voz do comodismo e da instalação, a voz dos nossos privilégios, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz da novela? A voz da televisão? Cristo é o nosso Pastor! Ele conhece as ovelhas e as chama pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação muito pessoal. “Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas, isto é, eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem” (Jo 10, 14 ). E para distinguir a Voz do Pastor é preciso três coisas: – Uma vida de oração intensa; um confronto permanente com a Palavra de Deus e uma participação ativa nos sacramentos, onde recebemos a vida, que o Pastor nos oferece.
Hoje também é o dia de Oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Peçamos ao Senhor que nos envie santos e sábios sacerdotes, cheios daquele amor que o Senhor Jesus tem pelo seu rebanho. Não nos iludamos: o único modo que o Senhor nos indicou para termos os pastores de que necessitamos é a oração: “Pedi ao Senhor da colheita que envie operários para a sua messe”.
Rezemos hoje para que muitos jovens escutem o chamado do Senhor e, em meios às vicissitudes da vida, em meio aos escândalos reais ou forjados, Rezemos para os que foram chamados ao sacerdócio e à vida religiosa digam um “sim” generoso, cheio de total confiança no Senhor e de amor à Igreja, santa e Esposa do Cordeiro. Que nossos jovens descubram a beleza indizível de ser padre, de ser outro Cristo, de ser homem de Deus, presença de Jesus Cristo entre os irmãos: Cristo que dá vida no Batismo, que perdoa na Confissão, Cristo que santifica o amor humano no Matrimônio, que conforta na doença pela Unção dos Enfermos, Cristo que se oferece como sacrifício ao Pai e alimento aos irmãos na Eucaristia!
Rezemos para que que muitos jovens possam, sem medo e sem divisão de coração, consagrar toda a vida a Jesus pelo celibato fiel e generosamente vivido, sendo sinal do mundo que há de vir, quando nem eles se casam nem elas se dão em casamento! Rezemos pelas vocações: que o Senhor nos envie padres santos e sábios de que a Igreja tanto precisa; homens totalmente para Deus, homens totalmente para os irmãos, homens que tenham profunda consciência da santidade do sacerdócio, homens fieis a Cristo e à sua Igreja Católica, homens de plena e leal comunhão e obediência.
Por fim, fixemos o olhar em Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelas ovelhas e quis morrer pelo rebanho! Nunca nos esqueçamos que temos a cada dia uma decisão a tomar: ouvir ou não o Senhor, seguir ou não o Senhor, acolher ou não o Salvador! Se não abrirmos para Cristo o nosso coração, restar-nos-á a secura de uma vida vivida somente para nós, uma vida sem a luz e a suavidade do Senhor agora e pela eternidade!

Assim Seja!

Rodolpho Raphael 

Comentários

ANA LUCIA disse…
Muito boa sua reflexão! Continue a escrever e deixe fluir da graça que está no seu coração. Deus te abençoe!
Verdade Ana Lúcia, fiquei impressionado com tanta inspiracao divina!Escreve muitissimo bem!!!
Verdade Ana Lúcia, fiquei impressionado com tanta inspiracao divina!Escreve muitissimo bem!!!